sexta-feira, janeiro 20, 2006

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Vida, vida, vida
Quem és tu vida?
Cada aroma um cheiro
Cada movimento um gesto
Cada som uma sinfonia
Cada olhar uma paisagem
Cada paisagem um desenho
Um desenho guardado no sótão
Cada Estação um apeadeiro
Cada hora um derrame
Cada gasto um minuto
Cada minuto sem apeaça
Cada vida um comboio
Um comboio só de ida
Vida, vida, vida
O que fazes tu vida?
Cada pergunta uma ânsia
Cada sonho uma fome
Cada sussurro a saudade
Cada lágrima um gérmen
Cada tesouro um mundo
Um mundo pesado
Cada ânsia uma incerteza
Cada fome um prazo
Cada saudade um sorriso
Cada gérmen um aborto
Cada mundo um adeus
Um adeus por dizer
Vida, vida, vida
Não serás tu morte?
Cada passo um desfecho
Cada beijo uma fogueira
Cada chama a cinza
Nome Vida; Alma Morte
Terás tu um norte?
Ou serás somente sorte?
Nome Morte; Alma Vida
Desta viagem desmedida
Serás tu volta da ida?

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Vermes


Vermes de crucificação
Vermes opulentos
Vermes pútridos
Vermes que vêm e não vão
Para que me querem?
Sou apenas uma condenada
A encruzilhadas que vão dar ao abismo.
Porque não um eufemismo?
Loucuras travadas nos lençóis
Procuras perdidas nos raios de sol
Porque não um girassol?
Queria mais manto de cetim,
Mais deserto negro
Queria chegar à luz das estrelas
Porque não com areia matar a sede?
Não quero corpos
Não quero ver peles
Quero sangue
O sangue que se espalha no vazio
O ar que deixa a um canto
Alma?
Silêncio
Vermes para que ma querem?
Silêncio
Ò não! Estou perdida para sempre
Não tenho ida nem volta
Apenas a vossa viagem
Apenas a nossa trindade
E estou perdida
Não sinto o sangue a correr
Nada em mim se espalha
Porque nada em mim tem sangue
Nem mesmo pró que valha.
Silêncio