domingo, outubro 08, 2006

Pela rua afora ...




Em chamas me envolveste um dia
Como se fosses lareira em dia de Inverno
E tudo em tua volta se fazia
Luz de sol efervescente em doce terno.

Sempre criei, sempre abusei
Pegando aqui e ali em peças coladas na hora
Mas a ti nem teu olhar recortei
Porque logo tudo correu pela rua afora.

Esse vento rolou calçada adiante
E de pedra em pedra foi alcançando a minha vida
Para jamais se perder o suspiro nesse instante
Quando a lua a ti ficou unida.

Pelas leis incontroláveis do que afagou
Prendeu-me a uma nuvem que não voa
Que a natureza, filha de Um Pai que a criou
Jamais apagará essa voz que em mim entoa.

E assim, por aqui continuarei a desfolhar
Sem querer desfazer as folhas dessa seca flor
Que nessa noite sentiu teu toque de encantar
E me prendeu mais do que a uma vulgar dor

Prendeu meu olhar para sempre a essa estrada
Que me levou até ao retorno desta confusão
Que doces desvios de tua face envergonhada
Deixaram meus beijos envolver-te em paixão.

E revendo-te na lua, lembro-me agora:
Naquela noite, em silêncio, pedi para mim
- Que desses sorrisos que corriam pela rua afora,
“Essa estrada não tivesse dito um fim”.