terça-feira, fevereiro 21, 2006

Eterna

Posted by Picasa

















Do nada que me consome, sem voz, grito atormentada
A bela noite já caiu e as gentes dormem até ao dia raiar
Somente eu desenho nessas linhas de cobre acorrentada
As minhas mãos que anseiam as sedas da lua acariciar.
“Pano suave de cor vivaz
Cetim de aurora lilás
Amora eterna”
Em certa tela de pintura inacabada, meus olhos bebem
Peço-te a ti, vento, que me arrastes para onde nada existe
Atiro a minha mão aberta para que meus dedos agarrem
Esses trilhos fechados em que vil a voz muda persiste.
“Vento
Céu de ramos secos
Baloiço do que vai e vem
Demora
O que não tem
Empurra o agora
Agora”
Esta musica dita palavras que um dia cuidei serem minhas
Numa parede de folhas rasgadas colo olhares de beijo cego
Escrevo mil corações do incolor salgado dessas nuas tintas
Que são feitas de pérola, do doce silêncio em que me apego.

“Espelho
Rosto curvado em sombra
Velho
Fome de criança
Salto de bailarina
Esperança Purpurina”
Do nada que me consome, continuo infame a escrever
Os olhos bebem, os dedos agarram, a voz muda entoa
Mas a bela noite, triste, diz-me que já é hora de recolher
E o meu corpo cai, aquecido nesta asa que jamais voa.
“A lua sopra a luz das estrelas
Cega o tempo
Apaga o desenho
E o mar ondula calmo de espera
Nova noite acordará
Porque em mim a noite é eterna…”