quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Ausente

Posted by Picasa















Sentei-me
Ausente
Neste chão, friamente,
de pedra maleável
Além...
Deitei-me cansada
Asfixiada pela massa inalcançável
Ali...
Onde o tempo não existe
E o vento chama sem voz
Aqui
Onde tu me chamas para dentro de ti.
Sempre
Aqui, ali, além
Presente
Do que nunca vem.

Será dia? Será hora?
Comboio
Ou será vida ou morte?
Alma


E deitei-me ausente
Mais uma vez presente
Em busca desse todo
Que se sente…


Não me quero aproximar
Tenho medo de uma faísca em falso
Mas preciso desse mar de fogo
Que me aquece o pé descalço.


E sentei-me ausente
Mais uma vez ausente
Porque o aqui, o ali e o além
Não pertencem ao presente
E busco desmesuradamente
Para encontrar num ensejo
Esse maléfico desejo
De minha voz que te chama
Engana…
Para mais perto de mim


Eu
Aqui,
Ali
Além
Dessa brisa que não vem
Será uma cela
Para muitos uma janela
Incapaz de abrir
Sem chave, um entrave
Onde não há o que seguir.
Porque o ausente
É um presente de Deus.


E deitei-me ausente
Desse sopro de chama quente
Para dormir por fim
Nesse todo que se sente
E que só é vida em mim.