sexta-feira, dezembro 16, 2005

E se vos falasse sobre tédio?


Se vos contasse do tédio
Morreriam todas as palavras que descrevem o sonho
Seriam todas queimadas ao pôr-do-sol
Quando a brisa anuncia a noite quente e …
Oh é tão fria.

Se vos contasse do tédio
A flor da primavera não renasceria
O mar continuaria a ondular ao som das gaivotas
Tudo permaneceria
O mar, as gaivotas e eu – numa moradia.

Se vos falasse de tédio
Todas as palavras se queimariam
Porque escaparia da brisa da noite
Um sopro quente que me aqueceria
Mas por uma breve chama:
O frio da certeza.

Se vos falasse de tédio
Todas as belas palavras nasceriam fogo
Para morrer cinza
Porque o tédio consome o som da palavra
Porque o tédio não tem música
E a música é o sonho e a poesia.

Se vos falasse de tédio
Não haveria surpresa aos meus sentidos
A que se encandeia pelo som do vento a passar por uma árvore
O som do meu silêncio
E porque as minhas palavras são silêncio
A minha alma.

Se vos falasse de tédio
Para quê continuar?
Se deixaria de fazer sentido
Todas as minhas idas à terra do nunca
Se o meu silêncio murmurador perderia a voz
Calar-se-ia o mar
Primeiro aos meus ouvidos
E depois ao teu olhar.


(Viva a Inocência, Viva os Contos de Fadas, vida o amor desmedido, viva as lamechices, viva a tragédia)