Debaixo de uma árvore de sangue ali me deixaste…
Era tarde e o sol já adormecia
O azul do teu cristal encontrou-se com as minhas lágrimas e eu sorria…
As folhas do meu sangue sujavam os teus dedos, mas não te incomodavam.
Reviravas o corpo numa agonia, choravas compulsivamente.
O teu cristal encontrou-se com a minha prata velha e lá te embalei,
Ficámos juntos à árvore de sangue onde as folhas meras confidentes
Te cobriam deliciadas em teu perfume inocente.
Rosas negras cortavam sozinhas seus espinhos, os ventos lavavam o céu
E matavam-me o medo.
De asas abertas cobrindo as tuas quebradas era limpar as minhas da poeira.
E tu choravas e eu sorria…
Uma melodia pairava no ar, colorindo os tons negros em tua volta.
Lançava magia delicada e envolvia meus dedos em carinho ardente
Pela tua face empalidecida. O teu cristal não me envolvia, mas as rosas falavam-me
De amor e eu sonhava.
Lançava magia por todo o teu corpo e encontrava-me com a aurora do tempo.
Tu não paravas de chorar, mas eu sorria…
Fadas vinham ter comigo sorrateiramente e guardavam-me o punhal.
Piscavam-me o olho e criavam de troncos vestes iluminadas
As quais passavam pelo teu rosto. As tuas lágrimas não tinham fim.
Mas eu sorria mesmo assim…
Pelos meus cabelos tocava-te harpa e adormecias.
Roçava-te em palavras na eternidade de um beijo.
O embalo de um sonho abraçava-te como à vida.
E a luz negra reaparecia do bosque em chama.
O teu cristal levantava o sol mesmo cansado.
E eu sorria… e tu choravas…
Mas desta vez, choravas e gritavas.
Choravas como quem chama pela morte
Escorria sangue em tempestade e as folhas ficaram desnudas.
Olhei e não sorri, saltaste o muro e voaste.
Para onde foste?... Não mais voltaste…
Fiquei debruçada ao teu sangue em lágrimas
A inocência turvou o meu horizonte
O teu cristal engoliu a minha prata …
E ontem sonhei contigo ali, debaixo daquele sangue em árvore
Tu Sorrias e eu Chorava…
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