A Ruf que é minha!

RUF é a dança quando todos querem dormir
É a raiva desfeita em segundos pela tolerância
É o esparguete que se desdobra para todas
É a troca da laranja pelo gelado
É o gelado da troca triplicado
É o ketchup pela manteiga
E o bolo da mãe fresquinho que é dividido
E dado em vez de comido
E o caracol… ai o caracol que vem quentinho
Ruf é a maldita zanga com o namorado
Ou o exame que foi chumbado
É ir chorar para o ombro da vizinha do lado
E mesmo após a divisão das paredes do quarto
É ouvir um toque na parede de aviso: aqui nunca estás sozinha, ó vizinha
Ruf é a guerra de post it nas portas, algumas até rivais de futebol
É a santinha em cima da TV e as mãos unidas a torcer pela selecção
É alguém a tirar café quando queremos muito ouvir a televisão
É fazermos o mesmo a seguir
Ruf são os bilhetes atirados por debaixo da porta
A conspiração nos dias de aniversário
O cartaz e os balões escritos
Ruf
É o pacote de lenços a passar por todas durante o filme triste
E a sinfonia de gargalhadas no filme cómico
São as pipocas doces e salgadas ao mesmo tempo, que sempre dão para todas
E o “Tem calma, é só um filme”.
Ruf é vocabulário
É o “Hello”, o “Atãooo”, ou o “òh Vizinha, ó Prima”
É o “Então, estás a estudar o quê?”
É o “estou desconsolada” ou o “moss deb” com muito orgulho
É o vou ao “contenente” e o “aiiii tenho traças no quarto”
É o “aii as minhas princesinhas”
É todo um vocabulário que passou a ser meu
Ruf são noites de desabafo e recordação ao som das músicas antigas da VH1
São as conversas sobre as personalidades brejeiras da terra
São manhãs de pequeno-almoço a ver desenhos animados
São tardes de estudo com intervalo de 10 em 10 minutos
E a abençoada hora das 7:30 quando temos muita fome
É o voltar do jantar e ficar pela recepção a dizer maluquices
É o pingo doce para o euroticket e o mini preço para poupar dinheiro
Ruf, na Ruf basta uma simples beringela para nos matar de riso
É o fado do Cais do Sodré e as músicas do Vieira
São as serenatas
E a música dos pombos que vão conversar de madrugada para o parapeito da minha janela
São os livros emprestados e os CDs copiados
É a farmácia partilhada
É o silêncio quando as palavras não servem para nada…

Foi na Ruf que pela primeira vez alguém me fez uma dedicatória em público
Foi na Ruf que aprendi a aceitar-me Porque me ensinaram a gostar de mim
Foi na Ruf que alguém em vez de me dizer “deixa de ser tão stressada”,
Me disse “Vem que eu ajudo-te a estudar”.
Foi na Ruf que alguém desligou a TV durante a telenovela, me pegou na mão e disse: “Conta-me o que se passa”.
E assim, foi na Ruf que descobri a verdadeira amizade
Que podia sobreviver longe de casa
E fazer novas famílias para além da que me viu nascer
Descobri o que é o verdadeiro perdão e aprendi a rir em vez de chorar
E a Chorar a rir.
Ruf, não é para mim a Ruf
Não a Ruf de Residência Universitária Feminina
Mas a Ruf que é minha
E que será eternamente minha
Porque tudo o que ela me deu
Tudo o que levarei comigo dela
Será eternamente meu
Assim como um sorriso eterno…

PS:E prontux... era isto ke tinha para vos ler naquela noite de Finalistas mas que provavelmente secaria o Reitor e companhia limitada... enfim... espero que gostem é dedicado especialmente ao 1º andar ké o melhor andar de todas as Residencias Femininas Universitárias do Mundo e arredores... Só vos queria dize ke a Ruf deixará de ser a minha casinha mas será sempre o meu café, o meu PrivateCiné e principalmente myLisbonFamily...
"Uma vez Rufiana, Rufiana para sempre" :P